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PONTO DE VISTA – O MELHOR VINHO DO MUNDO!


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>> por Daniele Volcov Hilcko, especializada na área de alimentos & bebidas, chef, conhecedora de vinhos e sommelier de cervejas.

Além disso, a Dani é proprietária da Nazdarovia, empresa organizadora de eventos gastronômicos e parceira do Disque9 na organização dos nossos eventos e outras coisitas mais! Divirtam-se!

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Apreciar um vinho pode parecer uma tarefa complexa para muitas pessoas. Ser capaz de ler seus rótulos de letras pequenas, conhecer os tipos de uvas, as regiões produtoras, safras e ainda identificar aromas e sabores exóticos na bebida pode assustar. Além disso, a degustação de um vinho envolve inúmeros rituais e formalidades seguidos por seus conhecedores que acabam mesmo intimidando muita gente.

Mas este estigma de que tomar um bom vinho e reconhecê-lo é muito complicado pode ser desmistificado. Afinal, beber um bom vinho deve ser acima de tudo, prazeroso e divertido.

Tudo começa com a escolha do vinho. Para eleger o seu, você pode partir de experiências prévias positivas que teve com algum rótulo ou estilo, considerar a ocasião, o clima e ainda, se a bebida fizer parte de uma refeição, da escolha dos pratos a serem degustados.

Na dúvida, sempre peça ajuda ao sommelier ou ao garçom da casa. Não é feio perguntar. Pelo contrário, estes profissionais estão nos restaurantes, lojas e nos supermercados pra isso.

O vinho revela uma vasta gama de aromas, alguns mais evidentes e outros muito sutis. Realmente não é fácil perceber os aromas de frutos vermelhos ou trufas dos bosques europeus, quando esta não é uma referência aromática e de sabor presente na infância dos brasileiros. E é para melhor avaliar e liberar ainda mais estes aromas que os experts costumam levantar, observar e girar a taça antes de leva-la ao nariz e inspirar profundamente.

Mas você não precisa ficar levantando a taça para o alto e girando o vinho com pompa em todas as ocasiões. A bebida pode ser degustada de maneira menos formal e, além disso, como já dito anteriormente, certos rituais podem parecer esnobes, portanto, é mais simpático agir com naturalidade. Dizer que está sentindo aromas de orvalho do amanhecer nas Ilhas Fiji é coisa de “enochato”.

Outro ritual que causa estranheza é o de cheirar a rolha. A rolha é apresentada para análise visual, pois pode indicar fungos (mofo) ou eventuais vazamentos, que podem ser indícios de problemas com o vinho. Então, receba-a do garçom, observe-a e deixe de lado. Nada de cheirar, hein?!

Atenção! Vinho só é recusado se apresentar problemas. Se você não gostar do vinho, isso não significa que o vinho esteja estragado ou oxidado, e isso não é razão para devolução, portanto, tenha certeza antes de fazer feio ao querer impressionar os amigos ou namorada.

Quando se fala em harmonização entre vinhos e comidas, aí sim tudo parece se complicar de vez. O fato é que harmonizar não é uma obrigação, mas existe para que a experiência à mesa se torne ainda mais prazerosa e especial, pois os sabores de determinados pratos realmente são favorecidos quando combinados com as bebidas certas, assim como alguns alimentos são capazes de ressaltar características especiais das bebidas.

Para tornar a sua experiência gastronômica realmente aprazível e menos complicada, siga as regras básicas, mas esteja aberto às experiências e combinações inusitadas. Afinal, nem sempre a melhor opção para harmonizar com o prato que você pediu será um vinho. Há excelentes resultados na combinação entre comida e cervejas especiais, coquetéis e outras bebidas.

Procure criar seu próprio guia de memórias olfativas e sabores. Afinal, cada um tem uma referência a partir de sua história de vida individual.

Você já ouviu falar em comfort food? Como o nome já diz, este conceito está diretamente relacionado à comida que nos conforta. E para trazer este efeito sobre as pessoas, é preciso que ela tenha alguma referência sobre o assunto. É a lembrança de um bolo que a sua avó assava nas tardes de inverno ou da comida caseira da sua mãe, que trazem a sensação de segurança e nos lembram de bons momentos vividos.

Então, sabe qual a regra soberana para se degustar um vinho ou qualquer outra bebida? O prazer que ela proporciona. E felizmente há opções de vinhos para todos os gostos. Vinhos frisantes, espumantes, vinhos leves, rosés, encorpados, extremamente secos ou doces, jovens ou envelhecidos em barris.

Cada vinho se adequa a um perfil de consumidor e também a uma experiência. Num dia de calor você poderá preferir um vinho branco refrescante a um tinto encorpado. Para acompanhar uma sobremesa, um vinho doce pode ser a pedida ideal e até mesmo o rosé, que ainda sofre preconceito no Brasil, pode ser perfeito para combinar com um prato da cozinha asiática.

É experimentando que se sabe do que se gosta ou não. Portanto, deguste vinhos e comidas diferentes. Se entregue às experiências gastronômicas e a partir daí crie o seu próprio parâmetro e referências. Não entre na onda dos “enochatos”, pois a verdade é uma só: o melhor vinho do mundo é aquele que te agrada.

Seja feliz e beba o que você gosta!