PONTO DE VISTA – Para quem importa a classificação hoteleira?
Observamos com atenção as diversas discussões recentes sobre o SBClass e outros sistemas de classificação hoteleira atuais ou passados. Os pontos de vistas são bastante variados e em muitos casos opostos. Então, surge a dúvida: para quem importa a classificação hoteleira?
Vivemos em um mundo onde as referências e parâmetros são globais, onde não há distinção entre vida on e offline. Estes fatores permitem que o cliente esteja cada vez mais ciente da oferta disponível e do seu valor. Em outras palavras, o cliente está cada vez mais informado e esperto.
Agora pense no seguinte: quando você vai viajar para o exterior e quer consultar as referências sobre o hotel que está reservando, você entra na página do Ministério do Turismo do país e consulta as regras de classificação ou você vai ao TripAdvisor (ou semelhante) e consulta a opinião dos outros hóspedes, com fotos reais?
A resposta é clara! Outro ponto de reflexão: para você vale mais a classificação oficial ou a imagem de marca de uma determinada rede? Você sabe onde estaria classificado o Ibis no SBClass? Mas isso não importa já que você sabe exatamente o padrão de serviço que irá encontrar nos empreendimentos desta marca.
Portanto, sites de referência e opiniões de colegas valem mais que a classificação oficial, assim como a imagem de marca de uma rede. Então, na atualidade, esta classificação não atende às necessidades dos hóspedes. Não é para eles que isso importa e se não importa para o hóspede, por que alguém investiria nisso?
Vamos para outro ponto de vista. Considere-se proprietário de um hotel cinco estrelas em busca da classificação. Imagine que seu hotel é moderno, conectado com as tendências atuais de consumo e comportamento. Seu hotel é um boutique independente que reflete um determinado estilo de vida. Por estas características, é possível cobrar uma diária média elevada. Segundo o SBClass você precisaria ter business center e banheira nos apartamentos. Como?? É isso mesmo, os dois itens mais ultrapassados do momento (segundo pesquisas atuais de comportamento de hóspedes, estes são os dois itens menos relevantes em um hotel) são obrigatórios na classificação, apenas para ficarmos nestes dois.
Estes já seriam motivos suficientes para descartar uma possível classificação, mas o hoteleiro permanece na dúvida e vai verificar a lista de hotéis já classificados. E se surpreende ao observar que o Grand Hyatt São Paulo e o Maksoud Plaza são ambos, cinco estrelas. Para bom entendedor, meia classificação basta. Diante disso, podemos concluir que a classificação também não atende as necessidades dos hoteleiros.
Em resumo, o SBClass (ou qualquer classificação equivalente) não atende ao hóspede e nem ao hoteleiro. Restam as próprias autoridades, os órgãos certificadores e não muito mais.
Um sistema de classificação poderia ser relevante se contemplasse com eficácia questões como segurança física e higiene alimentar, por exemplo. As legislações que regem sobre isso estão aí, mas não há fiscalização e controle efetivos e os hóspedes sequer imaginam que estão em um elevador sem manutenção, tomando banho com água de caixa d’água sem nenhuma limpeza, dormindo em um corredor cuja saída de emergência em caso de incêndio está bloqueada por um depósito temporário, entre muitas outras coisas corriqueiras neste negócio.
Certamente, clientes dormiriam bem mais tranquilos se soubessem que as autoridades estão cumprindo seu papel regulador no lugar certo e não se preocupando com a qualidade da impressora no business center. E você? O que pensa sobre isso? Compartilhe!