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ENTREVISTA – Abel Castro, o cara do desenvolvimento na hotelaria


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O Disque9 teve o privilégio de bater um papo super agradável com Abel Castro, Vice-Presidente Senior de Desenvolvimento para a América Latina da Accor Hotels. Nome de cargo bonito e imponente, que em outras palavras quer dizer o seguinte: o Abel é O CARA do desenvolvimento no Brasil e na vizinhança! Além de ser o grande nome dos novos negócios hoteleiros da região, ele ainda consegue ser humilde, acessível e sociável e pelo jeito não só para nós, mas para amigos e família. Ok, mas agora chega da merecida rasgação de seda, vamos aos fatos.

A trajetória:

Este catarina de Criciúma que cresceu em Floripa tem uma trajetória muito bacana. Aos 17 anos era cabeludo e pegava onda quando chegou a hora de decidir que carreira escolher para prestar vestibular. Escolheu Agronomia porque tinha oportunidade de viajar bastante para o interior do estado e também porque a família tinha fazenda em Minas. Uma amiga, analisando o contexto, então sugeriu que se o propósito era viajar ele deveria fazer Turismo e Hotelaria. Foi assim que concluiu o ensino superior na área. Durante o curso, foi morar um tempo na Austrália onde trabalhou, estudou inglês e viveu a vida!  Voltou e para se formar, precisava apresentar um projeto de conclusão de curso. Escolheu um terreno no Rosa em Garopaba e fez seu primeiro plano de negócios (dos muitos que viriam pela frente) para um eco-resort. Foi paixão imediata.

Com propósito definido, foi procurar oportunidades profissionais em São Paulo e conseguiu um estágio não remunerado em uma consultoria. Ficou por lá durante 5 anos, virou gerente da área técnica e arrasou. Plano de negócios para cá, estudos de viabilidade para lá e foi parar no FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) como Diretor Executivo. Na época, o Bonadona (então presidente do FOHB e presidente da Accor no Brasil) perguntou o que ele queria da vida e a resposta foi certeira. Em seguida veio a proposta para assumir a gerência de desenvolvimento para a região sul e sudeste, depois assumiu a nacional e agora ocupa aquele cargo lá de cima. O Bonadona que se cuide!

Fora tudo isso, ele também foi professor no Senac e na Anhembi Morumbi em disciplinas de planejamento de hotéis e sua principal missão era transmitir que hotelaria é um negócio.

“É importante conhecer de operação, mas hotel é uma equação. Quanto é o investimento e quanto pode dar de retorno? Tudo começa daí e e depois vamos entender como a operação pode viabilizar o negócio.”

A família, viagens, equilíbrio e hobbies:

Casado e pai de três filhos, procura equilibrar o excesso de viagens com a dedicação total a eles nos finais de semana, inclusive negando compromissos quando necessário: “Viajo toda semana e preciso de equilíbrio. Procuro manter os compromissos profissionais concentrados e o final de semana é 100% família”.

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Confessou, no entanto, que dá uma checadinha nos emails no sábado à noite, depois que as crianças estão na cama, mas confirma que seu final de semana ideal é quando chega em casa na sexta e sai na segunda, apenas curtindo os pequenos e a esposa. Com isso tudo, não sobra muito tempo para outras coisas. Aplicou o discurso de que tem que fazer esportes, mas é difícil. Como gosta de música, toca a bateria que tem em casa como forma de relaxar.

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Talvez pela influência da época surfista e rato de praia, seus lugares favoritos no Brasil são Floripa (onde tem história e família), Fernando de Noronha, Tibau, no Rio Grande do Norte e Guarda do Embaú em SC. No mundo lista Sidney, Paris já que vai a cidade com frequência para compromissos profissionais e Las Vegas, paraíso dos hoteleiros pela complexidade e tamanho dos empreendimentos. Neste momento, já imaginamos por conta própria, que o sonho do Abel é implantar um hotel de uns 6.000 apartamentos em breve 😉

 

ibis, Rio de Janeiro, novas marcas e o mercado hoteleiro:

O novo conceito do ibis foi lançado no ano passado com um hotel piloto, o ibis Porte d’Italie. Muito contectado com as tendências de comportamento e consumo da atualidade o produto está mais moderno, com design marcante e lobby integrado. Este conceito deve chegar ao Brasil ainda neste primeiro semestre. Os principais hotéis que adotarão a nova cara são o ibis Paulista e o ibis Budget Paraíso. A partir de 2014, todos os novos hotéis já abrem nesta linha.

“Para a Accor, os conceitos hoteleiros tem que ser atualizados. Melhorias são feitas constantemente durante os anos, mas a cada 6/7 anos há uma mudança mais importante no modelo, assim como acontece com a indústria automobilística, por exemplo. Tudo para atender as novas demandas”.

Especulamos sobre o Caesar Park Rio de Janeiro e perguntamos se vem marca nova por aí. O empreendimento emblemático recentemente adquirido pela empresa será um merecido exemplar de hotelaria lifestyle para nosso país. Sofitel So, a marca de luxo moderninha e conectada da empresa, é a escolhida. Estamos curiosíssimos para saber detalhes e quem será o famoso designer a assinar o projeto, seguindo a linha diferenciada da So. O timing da transformação ainda está em definição, pois o hotel será completamente retrofitado em operação e olha que o Rio de Janeiro não vai receber pouca gente no futuro breve.

Dizem que há uma nuvem negra vindo por aí que anda gerando preocupação em executivos da hotelaria. Nada mais adequado que saber do Abel se há uma reacomodação do mercado a caminho.

“O mercado ainda está muito favorável, principalmente em cidades pouco exploradas anteriormente. Fechávamos negócios nas capitais, agora estamos assinando contratos em Resende, Volta Redonda (RJ) e Bacabal (MA)”.

Tudo depende de cada mercado e de suas características. Algumas cidades correm o risco de desequilíbrio e sofrerão com excesso de oferta. Alguns empreendimentos vão mudar de propósito, virar residenciais, comerciais e assim por diante. Segundo ele, Curitiba ainda comporta um upscale (nós do Disque9 ouvimos boatos de que um Pullman está a caminho. Esta informação não foi confirmada por Abel que só fala de contratos assinados. Certo ele!). Salvador terá excesso, em Porto Alegre cabe mais ibis e em SP são mais 4 contratos assinados. Em 2012, a Accor abriu 19 hotéis e assinou 41 contratos. Crise? Que crise?

Para finalizar, Abel disse que o momento é bom por dois aspectos: a melhoria da atividade hoteleira e seus índices de ocupação e diária média e a redução da taxa de juros, que influencia diretamente o investidor hoteleiro ou pequeno comprador de unidades.

“Este dois fenômenos, ao mesmo tempo, fazem com que o momento seja absolutamente propício para o desenvolvimento hoteleiro. Não sei quanto tempo vai durar, mas hoje há ótimas oportunidades e é preciso acelerar a organização e atuação”.

Quando perguntamos como ele dá conta de tudo, dividiu os méritos com a sua equipe de 15 pessoas e mostrou que para chegar onde a Accor chegou é preciso estrutura e investimento. É, não tem mesmo almoço grátis!