O grupo pioneiro que abandonou as viagens de avião
Roger é um sociólogo ambiental da Universidade de Southampton, está a caminho da China para pesquisar atitudes em relação ao meio ambiente e à emergência climática. Exatamente por isso, ele resolver pegar um trem. Ele parte de Kiev e seu destino é Pequim: uma viagem que levará 14 dias, com algumas paradas noturnas pelo caminho.
Foram meses no planejamento, incluindo os requisitos de visto para transitar por diversos países. Para entrar e sair da Mongólia, dentro de um trem, é necessário um visto – mesmo que você não desembarque no país.
Conhecido como movimento no-fly, uma comunidade em crescimento está reduzindo drasticamente o número de voos que fazem, ou desistindo completamente das viagens aéreas.
Estudiosos da área já sentem que o voo está prestes a receber a mesma atenção que evitar plástico ou comer menos carne por causa de sua contribuição de emissões globais de carbono, previsto para crescer 16% até 2050.
Na Suécia, onde o movimento decolou, um novo termo surgiu: flygskam, que significa “vergonha de voo”. A ideia é que as pessoas não façam mais de um voo por ano.
Uma das precursoras da causa, Greta Thunberg, não voa desde 2015. Ela fez sua turnê europeia de trem. Em janeiro, ela participou do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, viajando 32 horas por trem, enquanto um número recorde de jatos particulares – cerca de 1.500 – trouxe ricos e poderosos participantes de diversas parte do mundo para ouvir sobre o assunto.
A questão tem sido significativa entre os cientistas ambientais há anos. A campanha Flying Less, voltada para o público que defende as questões relacionadas ao meio ambiente, está em andamento desde 2015.
E não falamos apenas de viagens à trabalho. Quando as férias são em família, o movimento no-fly preza por veículos elétricos ou, ainda melhor, pela boa e velha bicicleta. Há viajantes que até preferem este modelo, por poder fazer uma aventura com seus filhos, apreciando as paisagens e descobrindo qual é a próxima jornada.
A Suécia promove uma campanha para encorajar as pessoas a se comprometerem a não voar. No final de 2018, 15.000 suecos tinham assinado e até o final deste ano, serão mais de 100.000. Isso mudou a conversa sobre de voar para viajantes de todas as categorias: o número de passageiros caiu nos aeroportos suecos em 2018, enquanto um número recorde de pessoas no país passou a viajar de trem.