ENTREVISTA – Gareth Leonard: viagem com conteúdo
Gareth Leonard não encontrava mais propósito em seu trabalho. Foi no momento em que tomava uma cerveja e assistia a um lindo fim de tarde que ele constatou: tudo perdeu o gosto. Após 6 anos de muita dedicação à profissão, foi atrás de escrever uma nova história para sua vida e comprou uma passagem só de ida para Buenos Aires. Estabeleceu alguns objetivos para uma completa mudança e criou um blog para compartilhar as experiências e conquistas da empreitada.
O Tourist 2 Townie tem o lema “Travel Deeper” – nada de superficialidade nos destinos, Gareth busca mais bagagem de vida, conhecimento e autoconhecimento em cada lugar que desembarca. Conhecemos o viajante em sua passagem por Curitiba e nos identificamos de cara! Confira mais na entrevista que tivemos a oportunidade de fazer com Gareth Oliver.
SER UM LOCAL NÃO É TÃO SIMPLES ASSIM
Hoje em dia muitas pessoas querem viajar e sentir-se como um local/townie e isso é muito mais do que simplesmente ir “contra a corrente”. É necessário mudar muitas atitudes, certo?
Eu penso que o mais importante é respeitar e apreciar a cultura local. Parece simples, mas vejo muita gente que viaja e espera o mesmo conforto e consistência de suas cidades de residência, sem nem abraçar qualquer aspecto do estilo de vida estrangeiro.
A principal atitude é o esforço: o esforço para aprender a língua, provar a comida, tentar dançar e construir relacionamentos com cidadãos locais.
Como você faz para passar longe das “ciladas para turistas”?
Eu tive a oportunidade de viver nos destinos por períodos mais longos que um turista. E como estou no caminho contrário, estas ciladas não têm sido um problema. Mas quando estou viajando por um país, minha técnica é pedir sugestões ao povo nativo ou a alguém que eu conheça e saiba que não há segundas intenções na resposta.
A LISTA DE OBJETIVOS
E sua lista de objetivos nos destinos, como foi estabelecida? Eram antigos sonhos?
Para compor os objetivos, selecionei atividades que acreditava ser uma oportunidade de imersão no destino. Conseguir um trabalho na Argentina, dançar salsa na Colômbia, cozinhar no Peru, voluntariado na Bolívia e Guatemala – estes foram os primeiros da lista.
>> Veja a lista completa aqui.
Você encontrou outros viajantes com a mesma motivação que você? Isto tem acontecido bastante na sua geração, qual a sua opinião sobre isso?
Na América Latina eu conheci muitos viajantes vivendo num estilo muito mais “townie” que eu. Pessoas que decidiram chamar de lar por muitos anos, cidades como Medellín, Lima, Rio de Janeiro ou Buenos Aires.
Pode soar clichê, mas com a economia de hoje e o desenvolvimento global, as crianças passaram a ver seus pais trabalharem duro por 30 anos e depois serem demitidos ou terem suas pensões cortadas.
Para a maioria, é passado aquele ciclo de trabalhar 50 anos em um mesmo emprego, aposentar-se e depois receber um prêmio por isso. O amanhã não é certo, então as pessoas começaram a viver pelo hoje.
BRASIL
Você está curtindo o Brasil? O que é melhor e o que é pior?
Estou amando o Brasil! As melhores coisas são: a comida, a praia e as mulheres.
E o pior é o serviço ao cliente. Tirando os atrativos turísticos, outros lugares não são muito acolhedores. É muito diferente dos Estados Unidos e algo que demora para se acostumar (ou reparar).
Como vão as atividades para atingir seu objetivo de aprender a lutar Jiu Jitsu?
Eu ainda não tive a oportunidade de começar a aprender Jiu Jitsu! Obrigada por me lembrar que eu preciso ir atrás disso!
BAGAGEM DE VIDA – Considerando sua jornada:
Qual foi a coisa mais incrível que você viveu até agora?
Dormir na Amazônia. Eu nunca imaginei que isso aconteceria na minha vida! O medo, o entusiasmo e a conexão com a natureza são incomparáveis.
Qual foi a coisa mais incrível que você comeu até agora?
Açaí. Estou viciado.
Qual foi o momento mais difícil?
Aprender português tem sido a tarefa mais difícil no Brasil. O espanhol ajuda na hora de entender o vocabulário, mas as diferenças de pronúncia me complicam a toda hora.
Qual foi o momento mais hilário?
Definitivamente o mais hilário foi quando tentei dançar salsa e também no carnaval, quando cantei a letra da escola de samba Mocidade. Foi durante o desfile no Sambódromo, espero que eles não tenham perdido muitos pontos, pois o “o gringo” não sabia o que estava fazendo.
Qual foi a história mais incrível que você ouviu?
Foram as compartilhadas por brasileiros por todo o país. De São Paulo a Manaus tive a oportunidade de me conectar e construir relacionamentos com muita gente incrível. Ao ouvir suas histórias de vida, pude entender melhor as pessoas daqui e o Brasil.
Qual foi o destino mais surpreendente?
Brasília. A cidade é única e diferente do resto do Brasil. Tudo é organizado em distritos e a arquitetura é incrível. O Brasil continua a me surpreender todos os dias e mal posso esperar pelo dia de amanhã.