Protagonista – Renato Duarte Junior
A série “Protagonista”, em que contamos a história de gente que entrega o máximo de si e faz a hospitalidade acontecer todos os dias, retorna neste ano. São trajetórias profissionais de hoteleiros que fazem a diferença, que você poderá acompanhar mensalmente agora!
Ah! E se tiver alguma história para contar ou quiser indicar alguém para estar nesta série, mande sua sugestão para: alo@disque9.com.br
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A história deste mês é de Renato Duarte Junior, que caiu de paraquedas no seu primeiro emprego e continua nele até hoje. Atua nos bastidores e no mundo dos números da hotelaria, como Superintendente de Controladoria da Rede Deville.
Trajetória
Se existem acasos, o início de Renato na hotelaria foi um deles. Lá em novembro de 1992, ele tinha acabado de fazer 16 anos e ainda não trabalhava. Cursava o segundo ano do 2º grau (ensino médio, nos dias de hoje) e se preparava para prestar vestibular no ano seguinte. Ia tentar a sorte como Médico Veterinário.
Seu pai, nesta época, trabalhava em uma empresa de auditoria e prestava serviço para a Rede Deville.
Um dia, ao chegar em casa para almoçar, disse que a Deville estava precisando de alguém para trabalhar como office boy e que ele já tinha acertado tudo com o Gerente Contábil (hoje Diretor Administrativo e Financeiro) para que Renato assumisse a vaga.
“Resumindo a história, na tarde deste mesmo dia eu já fui para o que chamamos de escritório central da Rede Deville, fui apresentado para a pessoa que seria minha chefe na época, recebi um malote com valores para fazer as atividades no banco daquele dia”.
Detalhe, na primeira vez que Renato saiu para ir ao banco, não fazia a menor ideia de onde ficava. E assim começou sua carreira na empresa, que dura até hoje.
Oportunidade
Nesses quase 23 anos de carreira dentro da Rede Deville (é tempo, hein!?), e por consequência na hotelaria, ele teve inúmeras oportunidades e passou por diversos cargos.
Entre o final do ano de 1992 e o final do ano de 1999 passou pelos departamentos financeiro do escritório central, financeiro do Hotel Deville Curitiba, contábil do escritório central, de TI também do escritório central até chegar ao seu primeiro cargo de chefia na empresa, de Chefe Administrativo Financeiro do Hotel Deville Curitiba.
“Nessa época, além de assumir o meu primeiro cargo de chefia com 23 anos de idade, estava terminando minha graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade FAE de Curitiba”.
Ficou no Hotel Deville Curitiba por um ano, quando surgiu a oportunidade de participar da implantação e também de assumir o mesmo cargo no Hotel Deville Porto Alegre, que estava sendo inaugurado.
Do final do ano 2000 até o início do ano de 2002, ele participou de sua primeira implantação do departamento administrativo/financeiro naquela filial, além de exercer o cargo de Chefe Administrativo e Financeiro e ter sua primeira experiência de morar fora de Curitiba.
No início de 2002 retornou ao escritório central da rede para assumir o cargo de Chefe Financeiro, ficando neste cargo até o ano de 2004, quando assumiu o cargo de Gerente de Controladoria de rede. Foi em 2014, que passou para o cargo de Superintendente de Controladoria.
Além disso, ainda teve a oportunidade e, obviamente, também a iniciativa, de continuar estudando após concluir o seu curso de Contabilidade. Nessa trajetória, concluiu dois cursos de MBA, sendo um de Finanças pela UFPR e outro de Auditoria e Controladoria pela ISAE-FGV, além de ter passado dois meses na cidade de Toronto, no Canadá, fazendo um curso de inglês.
Mudanças e Descobertas
De 2004 para cá, a empresa passou por várias mudanças e Renato teve a oportunidade de participar ativamente de quase todas. Destas mudanças, Renato destaca algumas delas:
• Criação do modelo de cálculo que empresa utiliza até hoje para fazer os orçamentos anuais (budget) de todas as suas filiais, criado em 2003.
• Participação no estudo de viabilidade junto à diretoria e posteriormente implantação dos departamentos administrativos nos hotéis da rede que foram inaugurados (Cuiabá, Florianópolis, Salvador, Deville Rayon em Curitiba, Campo Grande).
• Participação na implantação dos novos sistemas de TI, utilizados atualmente pela empresa (sistemas MICROS-OPERA e TOTVS-RM)
• Participação no levantamento de informações e discussão sobe as rotinas administrativas, para a implantação da Gestão por Processos.
Ah, Eu te amo!
Logicamente que pela idade e pela forma que o seu “processo seletivo” ocorreu, Renato nunca trabalhou em outro lugar ou teve experiências em outro ramo.
“O que aconteceu foi que com o passar do tempo trabalhando no Deville, e com as oportunidades que fui conquistando, eu comecei a me encontrar e a gostar das rotinas administrativas e financeiras da empresa, além de começar a me inteirar e conhecer as demandas de controles que a atividade hoteleira gera”.
E foi assim que se tornou mais um dos dependentes dessa “pinga”, oops, desse negócio chamado hotelaria.
Gratidão
No seu ponto de vista, uma das melhores coisas que essa longa carreira na hotelaria lhe trouxe, foi a oportunidade de viajar e de conhecer vários lugares e pessoas.
“Nesse período viajei a trabalho para várias cidades no Brasil como, por exemplo: Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Cuiabá, Campo Grande, entre outras”.
Outra coisa que deixa Renato feliz e que até hoje ainda traz uma sensação de realização e orgulho, foi a de ter tido a oportunidade durante sua carreira de trabalhar em uma empresa onde ele conseguiu ver e consolidar valores que sempre recebeu dos seus pais. Brigar sempre pelo o que é seu por direito buscando a forma menos onerosa de se operar, mas sempre seguindo as regras.
“No Brasil, encontrar empresas e pessoas que não se orgulham de usar o “Jeitinho Brasileiro” ainda não é uma regra. Por isso saber que montei toda a minha carreira fazendo a coisa certa, por maior que seja o trabalho para fazer isso aqui no Brasil, me traz esse orgulho”.
Futuro
Renato diz que os desafios atuais são muito parecidos com os que sempre acreditou ter durante toda a carreira, porém, com a dificuldade adicional de estar partindo do patamar que se encontra atualmente.
Para ele, o maior desafio é o de se manter sempre o mais atualizado possível a respeito de conhecimentos técnicos, legais e comportamentais.
“Sobre metas práticas dentro da Rede Deville, vejo como principal desafio o desenvolvimento e o aprimoramento de ferramentas para facilitar a gestão, da quantidade muito grande de dados que possuímos, de forma que virem informações rápidas e práticas”.
Curto e não curto
Durante sua carreira, os momentos onde Renato sentiu mais prazer e orgulho pelo que fez foram nas implantações de novos hotéis. Disso ele não tem dúvidas!
Tenham sido elas de empreendimentos novos, onde o tempo para se planejar e realizar é relativamente mais tranquilo, ou dos hotéis que já estavam em operação e foram assumidos pela Rede Deville.
“Nesse segundo caso o desafio maior é o de ter que mudar sistemas, dados da empresa, forma de trabalho, registros legais, etc…, para que de um dia para o outro, literalmente, uma Pessoa Jurídica deixe de operar aquele estabelecimento e outra inicie sua operação”.
Causos da hotelaria
O causo do Renato não é daqueles que envolve hóspedes famosos ou situações inusitadas nos corredores dos hotéis. Mesmo assim, internamente na rede é conhecido por todos e é a típica situação – “seria cômico se não fosse trágico”!
Em 2003, passou por um problema relativamente sério de saúde. Em um domingo pela manhã teve três crises de convulsões por uma lesão leve no cérebro, causada por um vírus.
“Passei duas semanas internado no hospital, sendo que os quatro primeiros dias dessas semanas foram na UTI”.
Uma espécie de amnésia passageira foi uma das principais consequências que teve nos primeiros dias após a crise de convulsão, onde ele não lembrava o nome de praticamente ninguém, e muitas pessoas sequer reconhecia.
E foi no meio desta situação séria e assustadora que aconteceu o seu “causo”, que até hoje serve de brincadeira na empresa.
“Na época, o sistema de banco que utilizávamos via internet para a manutenção das contas do hotel era bem mais limitado que os atuais, serviam muito mais para consultas do que para realização de operações e somente eu possuía a senha para acesso às contas para a retirada dos extratos bancários”.
Na segunda pela manhã, ninguém no hotel conseguia consultar as contas e, em uma tentativa de conseguir resolver o problema de forma rápida, solicitaram ao seu pai que lhe perguntasse qual seria essa senha de acesso.
“O que se viu foi a seguinte cena: Eu, deitado em um leito de UTI em um hospital, sem reconhecer sequer a minha irmã mais nova que estava ao lado da cama, recebo o telefone do meu pai com ele me explicando que a ligação era do hotel e que estavam precisando da senha de acesso”.
Nesse momento, Renato pegou o telefone e, sem falar mais nada, disse os quatro números corretos da senha e devolveu o telefone para o seu pai.
“Depois disso a lenda e brincadeira que se criou foi a de que eu até esqueço o nome dos parentes, mas da senha do Deville jamais”.
Em poucas palavras…
Idade: 38 anos
Cidade Natal: Curitiba
Uma inspiração: Minha filha!
Destino favorito: Mônaco
Tá faltando na hotelaria: Simplificação nas regras fiscais e trabalhistas (não se podia esperar nada diferente de alguém da área de exatas, né?)