ENTREVISTA – Ana Araujo: a executiva à frente do Mundi
Ana Araujo é CEO do Mundi. Ela respira empreendedorismo e está envolvida com a revolução digital há quase 20 anos! Fundou a Teckler.com, a primeira empresa de internet no Brasil a nascer multinacional, e empresas como Coca-Cola e Ágora Corretora fazem parte do seu currículo!
O Disque9 conseguiu uma brecha na sua agenda e teve o prazer de saber um pouco mais sobre a constante transformação do mundo digital.
A Carreira
Para Ana, estar envolvida com a revolução digital é um privilégio. Ela tem tido a oportunidade de acompanhar o crescimento e a evolução da experiência do usuário de Internet no país desde o início.
“Como queria seguir a área de negócios em um mercado onde o território era praticamente exclusivo para engenheiros e programadores, acabei me desenvolvendo em várias áreas e isso foi fundamental para a minha formação”.
Atuou como comercial, marketing, projetos, produto e desenvolvimento de negócios. Em cada experiência, Ana testemunhou o mercado se consolidando e se profissionalizando, ficando robusto e fazendo crescer sua paixão e a incessante curiosidade em torno do próximo movimento disruptivo.
Teve também a grande oportunidade de trabalhar na Coca-Cola e viver o seu jeito único de fazer marketing bem de perto. Trouxe desta época algumas coisas na bagagem para a sua vida e para o Mundi.
“O que mais me fascinou na Coca-Cola foi o aprendizado de como uma estratégia de marketing e negócios bem integrada é fundamental para um planejamento claro, fluido e com objetivos bem direcionados, não importando se você está lidando com uma equipe de cinco pessoas ou diversos times alocados em inúmeros países”.
Hoje, ela busca construir essa cultura em todos os grupos nos quais pode influenciar e completa: “Em um ambiente com uma comunicação transparente, os desafios são de todos e é nesse engajamento coletivo que a inovação encontra seu espaço”.
O Mercado
Metasearches estão sendo adquiridas por grandes players (ex: Priceline / Kayak) e a nossa entrevistada enxerga as grandes aquisições positivamente, além de nos dar uma aula sobre o assunto.
“Analisando por uma perspectiva global, o interesse de gigantes do trade como Priceline e Expedia em agregar aos seus portfolios metasearchers de vários segmentos e propostas diversas indica que há uma tendência de crescimento do mercado de travel e de expansão internacional. Demonstra que os metasearchers já se tornaram fundamentais na dinâmica do planejamento de uma viagem. Além disso, são potenciais propriedades de inovação e vanguarda tecnológica”.
A aquisição, segundo Ana, garante uma vantagem competitiva para as grandes empresas que não possuem mais agilidade para acompanharem as inovações. Esse movimento minimiza o risco de perderem relevância enquanto que o comportamento do consumidor se adapta as novas propostas.
“No cenário brasileiro ainda existe muito espaço para crescer, desenvolver e consolidar, não apenas a tecnologia, mas também a comunicação com o usuário, que ainda carece de amadurecimento para aproveitar as vantagens que os metasearchers oferecem no processo decisório e transacional de uma viagem. Enquanto este processo de consolidações não se estabiliza, o mercado pode encarar uma disputa mais intensa de branding e produto, dado que as melhores ofertas tendem, cada vez mais, a se tornarem commodities”.
Afinal, o que falta para o Brasil se desenvolver?
“Um grande desafio hoje é o investimento no desenvolvimento de soluções móveis mais robustas pelas companhias aéreas e OTAs. O processo de compra de uma passagem pelo celular ainda é muito complexo e interrompe o fluxo de decisão do usuário, que precisa ser retomado em outro momento, no desktop”.
Nada alivia aí, né?
Para Ana, outro caminho promissor de inovação no Brasil é a localização do produto, entendendo o comportamento de pesquisa e compra do usuário local e investindo em uma experiência que gere engajamento com a solução oferecida.
Ter flexibilidade e agilidade, além dessa compreensão do comportamento, são vantagens competitivas que direcionam a priorização de inovações.
Na Europa e nos EUA, hotéis, OTAs e cias aéreas enxergam os metasearches como uma forma mais eficiente de gerar tráfego para seus sites.
Ana diz que aqui no Brasil já são reconhecidos como uma fonte de tráfego relevante para o trade, mas ainda existe espaço para crescer a participação no mix de marketing do segmento, tanto no metasearch como em mídia qualificada.
Para ela, o setor pode explorar melhor potenciais sinergias em datas promocionais como no Black Friday, por exemplo, em que o varejo já se consolidou, enquanto o mercado de turismo ainda está muito conservador para produzir ações mais estruturadas.
O Mundi no meio disso tudo
Apesar do Mundi estar consolidado no Brasil e ser referência na América Latina, deve haver um peso ao concorrer com grandes players e startups que surgem a todo momento, certo?
“Considerando as suas dimensões e população, o Brasil é um país promissor tanto para empreendedores quanto para grandes grupos com interesse na expansão internacional para a América Latina. O grande desafio para ambos, porém, é desenvolver uma estratégia de lucratividade com investimento em inovação tecnológica de forma sustentável”.
Como o Mundi conquistou esse espaço nesse cenário, eles possuem a tranquilidade para avaliar o mercado com um olhar realista de suas oportunidades e desafios.
Hoje, eles encaram os grandes players como aliados que agregam ao esforço de desenvolver o segmento, ajudando a consolidar o entendimento do potencial de geração de negócios que os metasearchers podem oferecer ao trade.
O Futuro
A exemplo da evolução do Tripadvisor, ficamos curiosos em saber se Ana acredita que metasearches deixarão de existir em um futuro próximo e assumirão a posição de OTAs.
Para ela ainda é prematuro afirmar como o mercado irá se acomodar. Os processos de consolidações ainda estão muito aquecidos e é importante considerar os diferentes momentos de mercado no Brasil e no exterior.
“Localmente, ainda existe muita confusão do usuário sobre a proposta de serviço dos metasearchers e é comum a comparação direta com uma OTA. Percebemos, entretanto, que os usuários que compreendem a proposta de serviço de comparação de preços são mais engajados, possuem taxas de conversão mais altas e confiam justamente na isenção da informação exibida”.
Como o Mundi é uma empresa inovadora, buscam prioritariamente construir soluções que deixem cada vez mais fluido o processo de compra do usuário nos seus parceiros.
Mas o mundo digital não para e Ana diz que se manter atualizado deve ser uma cultura.
“Exige disciplina, curiosidade, desapego e muito inconformismo construtivo para sempre questionar o status quo e buscar formas melhores e mais eficientes para propor novas soluções com a melhor experiência possível”.
Falando em futuro, queremos saber um pouco dos planos futuros do Mundi, pode ser?!
Os planos futuros do Mundi envolvem uma maior aproximação do trade, avaliar a oferta de novos segmentos como aluguel de carros e pacotes, e continuar construindo a melhor experiência de busca e comparação de preços para o planejamento de uma viagem.